O QUE SÃO OS SIPA?
Os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA) têm como premissa associações de cultivos agrícolas e de produção animal com vistas a explorar sinergismos decorrentes desses modelos de produção. SIPA também é conhecido mais popularmente como ILP – Integração lavoura-pecuária. Os SIPA têm sido reconhecidos como opções singulares de sistemas de produção onde se pode almejar, de forma concomitante, a intensificação da produção com a sustentabilidade ambiental.
O pilar conservacionista do sistema é o plantio direto, as boas práticas de manejo, o uso eficiente de insumos e a utilização da pastagem em intensidades de pastejo moderadas. A diversificação é aportada pelas rotações agrícolas e florestais, intercaladas a fases pastoris, cujo arranjo sinérgico recicla nutrientes de forma mais eficiente e diminui a incidência de pragas, de doenças e de plantas indesejáveis.
A eficiência, em nível de propriedade, é trazida pelo melhor aproveitamento dos nutrientes, menor uso de insumos por unidade de alimento produzida, pela maior eficiência no uso de maquinário e pessoal, pela maior liquidez financeira, pelo incremento de renda na mesma unidade de área e pela diminuição do risco da operação agrícola.
Foto: Experimento sob condução da Aliança SIPA desde 2013, com o intuíto de diversificar a produção agropecuária em terras baixas, realizado na Fazenda Corticeiras (município de Cristal/RS)
QUAL A IMPORTÂNCIA DOS SIPA NO MUNDO?
No âmbito global, a FAO reconhece o potencial dos sistemas integrados como via sustentável para alimentar nove bilhões de pessoas em 2050. Segundo o órgão, esses sistemas são capazes de incrementar a resiliência ambiental pelo aumento da diversidade biológica e pela efetiva e eficiente ciclagem de nutrientes, o que acarreta em melhoria da qualidade do solo, além de prover serviços ecossistêmicos e contribuir para a adaptação e mitigação às mudanças climáticas.
A FAO também enumera como benefícios a melhoria dos processos de produção, incluindo o aproveitamento de mão de obra, a resiliência a fatores econômicos e a diminuição do risco.
E sob a perspectiva sociocultural, ressalta-se que os sistemas integrados permitem, aos produtores, atingir aspirações sociais e almejar dinâmica social equânime (particularmente para mulheres e jovens), promovendo segurança alimentar enquanto sejam sistemas que se ajustam aos anseios atuais dos consumidores quanto à qualidade dos produtos e dos processos de produção.
Além de representar solução para a demanda crescente de alimentos, os sistemas integrados apresentam grande potencial de mitigação da emissão de gases de efeito estufa, se apresentando como a melhor resposta do meio rural aos apelos da comunidade internacional nesse sentido.
QUAL A IMPORTÂNCIA DOS SIPA NO BRASIL?
O vasto potencial de implementação dos SIPA no Brasil torna o país um importante player no contexto mundial de redução de emissão dos gases de efeito estufa. O país assumiu o compromisso de reduzir entre 36,1 e 38,9% as emissões de CO2-equivalente até 2020.
Dentre as várias iniciativas nesse sentido, está o fomento a adoção dos SIPA no Brasil, pois ela é tecnologia reconhecidamente sequestradora de carbono. Há comprometimento governamental em se incrementar em quatro milhões de hectares operando nesse tipo de sistema.
No sul do país, os SIPA são difundidos como proposta para o uso eficiente da área no período da entressafra, diversificando a propriedade, diminuindo o risco da lavoura e melhorando o solo.
É reconhecida a existência de milhões de hectares que ficam em pousio no inverno ou, mais frequentemente, que permanecem com cobertura vegetal visando à produção de palha para as lavouras de verão. Nisto, reside a principal oportunidade dos SIPA serem aplicados no país.